Rodrigo Ghedin está digitando|

O dia em que viajei com o Djavan

Dia desses me vi a dois metros do Djavan enquanto aguardava para embarcar em um voo. Ele estava de boina, óculos escuros e máscara cirúrgica, talvez numa tentativa de passar despercebido. Não funcionou por dois motivos:

  1. Djavan estava cercado de caras com bolsas em formatos de instrumentos musicais; e
  2. O maior deslize, sua bagagem de mão tinha uma etiqueta enorme com um “Djavan” escrito.

Curto o Djavan. Vez ou outra ouço suas músicas. Apesar disso, não me atrevi a abordá-lo.

“Atrever” talvez seja o verbo errado. Não quis, mesmo. Poderia ter pedido uma foto, mas Djavan estava camuflado; talvez nem acreditassem que era ele. E eu não faço questão de ter uma foto com o Djavan. Se ele quiser uma comigo, eu tiro, mas para por aí.

Conversar? O que eu poderia conversar com o Djavan ali, na fila do embarque? “Quem entende esse povo que corre pra fila antes do grupo ser chamado?” Conversa fiada seria um desperdício do tempo dele. Na real, do nosso tempo.

O clichê “adoro suas músicas!” deve ter agradado os ouvidos do Djavan nas primeiras duas ou três vezes que alguém lhe disse. Agora, na milésima? Pouco provável que ele se deixe abalar por um elogio barato, mesmo que sincero.

Isso se era mesmo o Djavan. Poderia ser só um cara muito parecido com ele, com amigos que gostam de viajar juntos e usam bolsas em formatos curiosos de uma marca que desconheço chamada “Djavan”.

26/5/2024
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