Rodrigo Ghedin está digitando|

Concreteworld

Vez ou outra algumas assessorias nos convidam para encontros ou almoços. Elas fazem isso para que seus clientes tenham a oportunidade de se apresentarem adequadamente e falarem dos seus produtos ou serviços. Bater um papo, basicamente. Quase sempre são encontros agradáveis e proveitosos.

Quarta-feira tive um desses, com o CEO e o cara do marketing de uma empresa de segurança digital de Curitiba. Marcamos num restaurante no Juvevê, um bairro próximo ao Centro, que é onde fica a redação da Gazeta do Povo. Fui a pé, observando a mudança gradual da paisagem.

Os centros das cidades costumam ser cinzas, sem muitas árvores. Fui mal acostumado nesse aspecto, porque no interior do Paraná não é assim, especialmente em Maringá onde há muitas árvores em todo lugar — com exceção do Novo Centro, que parece um enclave do Oriente Médio no meio da cidade. Mas aqui e em São Paulo, as que conheço mais ou menos, é notável a falta de natureza na região central.

Essa ausência, para mim, é uma daquelas que fazem falta e que só se percebem na prática. Como o Sol. (Os últimos dias, atipicamente ensolarados aqui, têm sido agradáveis.) Por não ter o hábito e nem condições, devido aos meus horários, de andar por outros bairros durante o dia, aquele trajeto para o almoço da última quarta foi quase como redescobrir a cidade. Vi que existe uma Curitiba mais verde e aconchegante; mais bonita.

Pelo contrato com a imobiliária, terei que ficar onde estou por mais alguns meses. Enquanto preso em uma região menos arborizada, tenho tentado amenizar essa carência deixando o interior do apartamento mais verde.

Nunca havia cultivado plantas. Já tenho uma palmeira média (~1,5 m) e alguns temperos plantados num vaso que deixo sobre o balcão da cozinha. Águo todas as plantas dia sim, dia não, tento posicioná-las para pegar o Sol fraquinho do fim de tarde e lembro sempre de abrir as janelas para fazer circular o ar.

Sou quase o personagem do Kevin Costner em Waterworld, mas o meu filme seria algo como “Concreteworld”.

Desde que saí da casa dos meus pais, nunca mais morei em casa — sempre em apartamento. Acho mais prático e seguro. Mas lidar com a terra (comprada em um saquinho, mas vá lá), colher manjericão e cebolinha frescos enquanto cozinho, cultivar as plantas… tudo isso tem feito eu refletir sobre onde quero morar quando chegar a hora de me fixar num endereço. De repente, estar mais próximo do chão e ter um quintal à disposição para plantar passou a ser um aspecto importante.

29/7/2017
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