Em vez do Facebook, uma newsletter

A primeira coisa que Richard Stallman pede, em suas palestras, é para que os presentes que tirarem fotos não as enviem para o Facebook, Instagram ou WhatsApp. A justificativa é de que ele não quer contribuir com mais matéria-prima para que serviços que não respeitam a privacidade do usuário continuem crescendo.

Muita gente acha Stallman louco. Talvez seja, mas ele está certo. Não só nesse ponto, mas especialmente nele. O Facebook não nasceu do jeito que é, nem com o alcance que tem. De alguma forma, ele conseguiu convencer quase que literalmente meio mundo a fazer dali a central de distribuição de novidades, o jornal do millennial, a nova praça pública — lugar onde todos falam e poucos param para ouvir.

É como se o Facebook tivesse entrado com uma panela muito bonita e um fogão industrial de altíssima qualidade, no melhor ponto da cidade, e, nós, com os ingredientes. Deu num caldo pouco nutritivo, mas acessível, que serve muito bem ao negócio do dono das panelas e que deve conter doses desaconselháveis de açúcar — porque só isso explica ele ter se convertido em um vício tão forte para tantos de nós.

Criticar o Facebook é, com frequência, um discurso hipócrita. Diferente do Stallman, eu tenho uma conta e meu trabalho depende, em parte, da distribuição que se faz por lá. Escrevo meus textos, ganho umas curtidas após compartilhá-lo no Facebook e, vez ou outra, novos leitores. No processo, dou mais ingredientes fresquinhos para o Facebook continuar fazendo o seu caldo super calórico.

Seria quixotesco propor uma ruptura a esse modelo. Não funciona assim, não é da noite para o dia e tem muitas variáveis envolvidas. O que quero propor, aqui, é algo mais humilde, condizente com o alcance que eu e esse blog temos: em vez do Facebook, uma newsletter.

A web ainda é nossa, é aberta e sem filtros. Prefiro publicar coisas aqui do que no Facebook, ou minhas fotos neste site que eu fiz em vez do Instagram.

Seu e-mail, idem. Ele é seu e ninguém mexe no que está ali dentro. Nele, chega o que você quiser, sem filtros ou ruído. O filtro, na realidade, é você.

Newsletters são legais. Você assina elas em um site como este, na web aberta, e recebe mensagens periódicas em seu e-mail, sem filtros escusos regulando esse caminho. Quando não quiser mais, basta cancelar o recebimento. Simples, direto e funcional.

Eu tenho uma newsletter. Até agora, não sabia muito bem para que usá-la, mas tive esse lampejo e acredito que ela possa servir de ponte entre tudo o que faço e as pessoas minimamente interessadas. Uma alternativa a redes sociais e outros ambientes filtrados e hostis à privacidade.

Se você é uma dessas pessoas interessadas, assine a minha newsletter.

Ainda existe vida aqui fora.

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