Comunicação não-violenta

Por vezes me julgo uma pessoa sensata — sentimento esse comum a todo ser humano pensante, imagino. Até que me vejo desmascarado, discutindo sem qualquer base e agressivamente o que caracteriza um tsunami com pessoas queridas, mas que também estão fora do tom e não têm a menor ideia do que estão falando. “São ondas gigantes”. “É a amplitude da onda”. Pega o celular, pesquisa. “Na verdade, é o comprimento da onda”. “É um terremoto no mar”.

Viver isolado dá a falsa sensação de se estar por cima, de conseguir ver problemas óbvios que só são óbvios porque os vejo de fora, tanto que quando adentro ao caos eles se tornam inescapáveis mesmo a mim, a pessoa supostamente sensata. Poderia ter me furtado de discutir a natureza dos tsunamis, ou discutido como se aquilo não parecesse uma questão de vida ou morte, mas não o fiz. Por quê? Não sei.

O próximo livro que quero ler é aquele “Comunicação não-violenta”. Espero descobrir nele a resposta, esperança esta também embasada fragilmente em comentários esparsos de gente aleatória que já leu o livro e deixou reviews positivos na Amazon e em uma vaga ideia de que a chave para solucionar esse problema específico (discussões desnecessárias e agressivas, não a definição de um tsunami) está na comunicação não-violenta, seja lá o que isso for. Convenhamos: é um título que promete muito, só de ler já bate uma paz, uma vontade de abraçar todo mundo e, sei lá, fazer um sarau.

Talvez a gente devesse discutir menos.

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