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Nos meus 31, aprendi bastante coisa. Acho que melhorei como profissional ao mesmo tempo em que ter a perspectiva do jornalismo ampliada por estar onde estou me fez ver que não sei muita coisa. Há pouquíssimas desvantagens em estar cercado de pessoas queridas e que desejam somente o teu bem; uma delas é se deixar levar pelos elogios, mesmo que sinceros. Eles aquecem a alma e dão força para continuar, mas são inerentemente suspeitos.

Também aprendi a me conformar e a desistir das batalhas perdidas já na largada. A resistir de maneiras inventivas ou das que forem possíveis. A pesar melhor os prós e contras das situações complexas do cotidiano de uma maneira mais ponderada — ou covarde, dependendo do humor do dia.

Estar distante da família e da maioria dos meus amigos fez com que eu olhasse mais ao redor. Há anos escrevo aqui que anseio por me abrir mais, por conhecer-me melhor e o mundo que me cerca. Tive muito disso e, em vários momentos, doeu. O mais assustador é que senti dor mesmo quando, em linhas gerais, a minha vida estava estável. Quando penso nisso, falar em “dor” soa quase como que a uma ofensa àqueles que enfrentam leões muito mais ferozes que os meus. É inevitável, porém — mesmo meio mansos, os meus continuam sendo leões. Talvez o maior mistério da vida seja como a gente a aguenta.

Voltei mais ao interior. Senti saudade. Não sei se do conjunto de circunstâncias do tempo e espaço de quando vivi lá e que jamais se repetirá ou se das pessoas, dos lugares, dos pormenores isolados. Um dia espero poder descobrir, mas não agora.

Tenho manifestado, ao longo dos últimos anos, um desconforto crescente com a internet. Afastei-me de redes sociais, mas ainda leio e assisto a muita coisa ruim, gastando um tempo que poderia ser melhor usado para fins mais construtivos. As pessoas estão mais violentas aqui, talvez pelos ambientes que fomentam esse comportamento. O clima está péssimo. Estou ressentido de ter apostado tanto em um negócio que faz tão mal.

Daquelas “grandes movimentações” só tive uma: após muito tempo sozinho, voltei a namorar. Estar sozinho, nesse sentido, nunca foi um problema e creio que foi esta paz comigo mesmo que me permitiu, quando P. apareceu, reconhecê-la e apreciá-la. Sou muito grato a ela.

Meu corpo já não é mais o mesmo e a negligência com que o trato começou a cobrar um preço. Por isso, uma das metas para a nova idade é levar o cuidado com ele a sério. Nesta semana, matriculei-me em uma academia de ginástica pela primeira vez na vida.

Outras metas menores consistem em abdicar do carro, outra tecnologia que tem me estressado, e continuar reduzindo o uso de internet, contribuindo mais para o silêncio digital. E quando eu quiser falar, preferir canais mais saudáveis — como este blog e a minha newsletter.

Anos anteriores: 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30 e 31.

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