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Quem poderia imaginar que 2020 nos traria uma pandemia? Eu, não. Ano passado, escrevi que meu único desejo era “falar com mais pessoas olho no olho, sem uma tela entre nós”. A ironia, pois. Tomarei cuidado com o que desejo este ano.

Tenho encarado os muitos meses de isolamento como um período em suspensão. Não aprendi a assar pão nem escrevi um livro, e negligenciei os cuidados com o corpo. Por outro lado, tive um bom ano no Manual do Usuário e pude me conhecer melhor.

Quando leio uma passagem antiga em um dos meus diários, com frequência não me reconheço nela. Nos meus 33, percebi que mesmo hoje não me conheço muito bem, nem saberia explicar como me tornei quem eu sou. Investigar isso tem sido chocante, por vezes doloroso, mas revelador. Recomendo.

A propósito, nunca olhei tanto para telas. Não me recrimino, só lamento.

A situação que vivemos, tão marcante e cruel, tem prazo para acabar. Isso conforta, dá esperança. O mundo não virará magicamente outro quando voltarmos a sair sem o receio de contrair uma doença potencialmente fatal na próxima esquina. Ainda assim, anseio por esse dia.

Há uma década (!) faço uma reflexão pública da minha vida no dia do meu aniversário. Anos anteriores: 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32 e 33.

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