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Em todos esses anos em que publico reflexões no meu aniversário, em poucos me senti tão tranquilo como estou hoje. É estranho, considerando o caos coletivo em que estamos metidos, mas seria muito pior se estivesse uma bagunça aqui dentro também.

Aos poucos relaxo o isolamento a que me submeti devido à COVID-19. Vacinado, já consigo sair a lazer e rever pessoas queridas sem tanto receio, e em todas essas ocasiões descubro camadas extras de prazer e satisfação. A essa altura já consigo me antecipar àquele clichê que diz que só damos valor quando perdemos. Ou talvez porque essas perdas foram temporárias, com prazo para serem revertidas. Não sei o motivo, mas esses reencontros e redescobertas são muito gostosos.

Acho importante entrar neste novo ano reenergizado porque 2022 será um ano difícil, o ano decisivo da nossa geração. Você certamente sabe o motivo.

Espero recuperar aquele desejo de dois anos atrás, de falar mais com pessoas olho no olho. Recuperar hábitos interrompidos, como os exercícios físicos, ou o cuidado com o corpo, também negligenciado na pandemia. E tentar migrar para tecnologias livres, algo que virou uma estranha obsessão, quase um chamado — ou talvez (mais) um sintoma de que tenho passado muito tempo sozinho.

Uma grande mudança está em andamento: a de lar. Dividirei um apartamento com a P. após quase uma década morando sozinho. Acho que será legal.

Há onze anos faço uma reflexão pública da minha vida no dia do meu aniversário. Anos anteriores: 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33 e 34.

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