“O labirinto ideológico da OpenAI: entre a utopia e a realidade da Inteligência Artificial”, no Braincast

Participação no podcast Braincast sobre a semana maluca da OpenAI em novembro de 2023.

24/11/2023

37

Faz uns dois meses, comprei uma pulseira fitness para registrar dados de saúde e exercícios físicos.

O efeito dela foi exatamente o oposto do pretendido.

A pulseira já está parada, juntando poeira dentro de uma gaveta. Nesse embalo, parei de registrar um monte de coisas que registrava até então porque… sei lá, achava que tinha ou poderia ter alguma utilidade. Água ingerida, humor diário, filmes vistos, tempo gasto lendo livros.

Terá sido efeito de um descontentamento? Um (bem-vindo) descontrole? Cansaço? Ou talvez seja só a idade?

Com 37 anos, ainda tenho dificuldade em me situar na vida, em entendê-la e ao mundo, aos outros. Às vezes, de me fazer entender, também.

É um lugar meio solitário de se estar — um tema, aliás, recorrente nessas reflexões de aniversário e… bem, tema recorrente no geral.

Parte de mim anseia por mais contato, incluindo os desconfortos e asperezas inevitáveis. Outra parte se reconforta na tranquilidade da solitude, torcendo para que ela não me envenene agora e que eu não me arrependa mais para frente.

É poderoso mostrar-me vulnerável, porém difícil. Fico com receio de chamar a atenção ou, pior, de ter um momento de abertura genuína, desinteressada, confundido com performance para ganhar “likes”.

A ironia é que todos temos nossos traumas, dificuldades e medos. Por que é tão difícil abri-los ao mundo? Ou por que me é difícil?

Além dos números e estatísticas supérfluas, abri mão (ou tentei) de outras coisas que supervalorizava — (pensar) estar certo, em especial.

No mais, saio deste ano com algumas feridas de eventos pessoais que não convém explicar aqui, mas que afetaram também a minha persona pública, o meu trabalho no Manual. Cabe, pois, um pedido de desculpas a quem me lê.

Acho que é a primeira vez em anos em que não menciono ou escrevo algo sugestivo sobre política institucional ou pandemia. Que alívio!

Há 13 anos, faço uma reflexão pública da minha vida no dia do meu aniversário. Anos anteriores: 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35 e 36.

8/11/2023

Como desfrutar da sua xícara de chá enquanto o mundo desaba ao seu redor

Ilustração clássica, em preto e branco, de uma senhora sentada, de vestido, com uma xícara de chá. Acima, a frase (em inglês): “Como desfrutar da sua xícara de chá enquanto o mundo acaba ao seu redor:” seguida de dois passos: “Passo 1: O truque é lembrar que o mundo está _sempre_ acabando ao seu redor. Passo 2: Saúde!”

Autor(a) desconhecido(a).

4/10/2023

Encucado que a mulher escreveu “pauliste”…

Encucado que a mulher escreveu “pauliste” no story sendo que “paulista” é uma palavra de gênero neutro.

27/9/2023

Uma abordagem melhor para diários de humor

Estava curioso com a implementação da Apple do diário de humor, uma das novidades do iOS 17, ali chamado “Estado Emocional”. Assim que atualizei o celular, abri, dei uma olhada e… bom, continuarei com o Daylio mesmo.

O Daylio é mais flexível e é um aplicativo à parte, em vez de estar soterrado no Saúde. Pelo que li a respeito, os relatórios do Daylio são mais detalhados que o da ferramenta similar da Apple.

Apesar da indiferença com o Estado Emocional, um detalhe me chamou a atenção. Ao iniciar um registro, o aplicativo pergunta se você quer registrar como está se sentindo agora, ou “como você se sentiu no geral hoje”.

Topar com essa tela desbloqueou outra maneira — uma, acho eu, mais interessante — de usar o Daylio.

Tentarei explicar.

Até então, usava o Daylio apenas para fazer o “registro geral de hoje”, ou seja, resumia o meu dia a um estado emocional e marcada todas as atividades que influenciaram na avaliação.

Essa abordagem tem sua utilidade, só que limitada. Em um dia hipotético, eu poderia registra que meu humor foi bom (4 de uma escala de 5), afetado por… sei lá, “trabalho”, “exercícios físicos”, “dor de cabeça” e “discussão”.

Nesse dia hipotético, me senti muito produtivo no trabalho e recebi uma ótima notícia de um familiar, porém passei algumas horas sentindo uma dor imensa de cabeça e no fim da tarde tive uma discussão boba com um amigo.

No acumulado, as duas primeiras atividades foram tão boas que me fizeram esquecer um pouco os pontos baixos do dia. Para o Daylio, porém, naquele dia as atividades “dor de cabeça” e “discussão”, que, regra geral, estão associadas a humores negativos, foram atribuídas a uma sensação positiva.

Na nova abordagem, em vez de um registro do dia inteiro, estou fazendo pequenos registros ao longo do dia. Nesse hipotético, por exemplo, seriam quatro registros, o que teria resultado em um dia “médio” — duas atividades boas, 4; duas atividades ruins, 2; tira a média, dá 3.

Desnecessário dizer que é mais trabalhoso, porém nem tanto quando se carrega o celular consigo para todo lugar, o tempo todo. Não me pressiono para registrar as coisas em tempo real. Às vezes, faço as anotações no fim do dia, como antes, só que agora separando-as. (É possível anotar o horário de um registro no Daylio.)

Fiquei surpreso com os resultados da primeira semana. Os relatórios estão mais granulares, mais informativos. Notei que, com essa abordagem, faz sentido ter muitas atividades (as coisas que influenciam no humor), algo que me escapava quando eu anotava apenas um humor por dia. Tanto que voltei algumas que havia aposentado, como o clima/temperatura (fiz alguns registros motivado pela recente onda de calor no Brasil).

Passei quase três anos anotando meu humor da maneira “errada”, ou menos interessante. Tudo bem, ninguém nasceu sabendo. Em vez de remoer o passado, estou empolgado com as observações e revelações que poderei ter no futuro.

25/9/2023

Seis anos depois de migrar este blog…

Seis anos depois de migrar este blog para o Jekyll, hospedado no GitHub Pages, tomei vergonha na cara e sentei a bunda na frente do computador para entender como o Jekyll funciona.

Resultado: reformulei o leiaute com base nesse aprendizado e no que melhorei em CSS nesse período, e troquei a hospedagem para o Fastmail.

9/9/2023

O silêncio

Foto em preto e branco de duas mulheres. A da frente, de perfil; a ao fundo, de frente, com parte do rosto coberta pela primeira.

O silêncio (Ingmar Bergman, 1963).

28/8/2023

No hipnotizante crepúsculo…

No hipnotizante crepúsculo da metrópole, eu sentia muitas vezes a solidão à minha espreita e dos outros — jovens balconistas pobres que perambulavam diante das vitrines, esperando a hora de entrar num restaurante para um jantar solitário — jovens balconistas à luz do anoitecer, desperdiçando os momentos mais intensos da vida e da noite.

— F. Scott Fitzgerald, O grande Gatsby.

31/5/2023

Faz mais ou menos uma semana, decidi…

Faz mais ou menos uma semana, decidi parar de usar máscara no dia a dia.

Nesta sexta (5), a OMS anunciou o fim da emergência de saúde pública global da covid-19.

Coincidência? Sim.

6/5/2023

Foi naquele dia, quando saíam do…

Foi naquele dia, quando saíam do apartamento para juntos darem um passeio pela cidade, que ele notou que a mãe estava com sapatos descascados. Ficou confuso e quis avisar, temendo ao mesmo tempo magoá-la. Passeou com ela duas horas pelas ruas sem poder despregar os olhos dos seus pés. Foi então que começou a compreender o que é o sofrimento.

— Milan Kundera, A insustentável leveza do ser.

1/5/2023
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